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pólo sul

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11.11.21

[139] Poesia, Daniel Faria

polosul
A edição, é justo assinalar, coube a Vera Vouga, e a apresentação do livro pode ser lida aqui. Para quem não esteja familiarizado com Daniel faria, diria que à poesia dele se poderia aplicar o título (nesta coletânea, um capítulo) da p. 115: Homens que são como lugares mal situados. De seguida, apontaria para a p. 49, como que a resumir o que aquilo significa: A pedra tem a boca junto do ouvido E (...)
24.08.13

[104] T. S. Eliot

polosul
The Hollow Men Between the idea And the reality Between the motion And the act Falls the Shadow For Thine is the Kingdom Between the conception And the creation Between the emotion And the response Falls the Shadow Life is very long Between the desire And the spasm Between the potency And the existence Between the essence And the descent Falls the Shadow For Thine is the Kingdom
07.11.10

[86] as palavras

polosul
São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas. Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam: barcos ou beijos, as águas estremecem. Desamparadas, inocentes, leves. Tecidas são de luz e são a noite. E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda. Quem as escuta? Quem as recolhe, assim, cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?   Eugénio de Andrade
06.11.10

[84] vegetal e só

polosul
É outono, desprende-te de mim.   Solta-me os cabelos, potros indomáveis sem nenhuma melancolia, sem encontros marcados, sem cartas a responder.   Deixa-me o braço direito, o mais ardente dos meus braços, o mais azul, o mais feito para voar.   Devolve-me o rosto de um verão Sem a febre de tantos lábios, Sem nenhum rumor de lágrimas Nas pálpebras acesas   Deixa-me só, vegetal e só, correndo como rio de folhas para a noite onde a mais bela aventura se escreve (...)
13.01.08

[65] Poemas de amor!?

polosul
  A Assírio & Alvim publicou há uns anos um livrinho intitulado Poemas de Amor do Antigo Egipto, escolhidos por Ezra Pound e Noel Stock, contendo poemas entre 1567 e 1085, antes de Cristo. Por obra e graça de mão amiga lancei-lhe as garras, à espera de uma manhã bem passada, a espreitar pelo ombro dos antigos amantes egipcíos enquanto a chuva, lá fora, aumentava a sensação confortável (...)
01.01.07

[43] Ver

polosul
Uma vez chamaram-me poeta materialista, E eu admirei-me, porque não julgava Que se me pudesse chamar qualquer cousa. Eu nem sequer sou poeta: vejo. Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho: O valor está ali, nos meus versos. Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade. Alberto Caeiro
21.11.06

[41] À tardinha, com Florbela Espanca

polosul
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, A essa hora dos mágicos cansaços, Quando a noite de manso se avizinha, E me prendesses toda nos teus braços... Quando me lembra: esse sabor que tinha A tua boca... o eco dos teus passos... O teu riso de fonte... os teus abraços... Os teus beijos... a tua mão na minha... Se tu viesses quando, linda e louca, Traça as linhas dulcíssimas dum beijo E (...)
12.02.06

[15] Passeio

polosul
Alberto Caeiro Li hoje quase duas páginas Do livro dum poeta místico, E ri como quem tem chorado muito. Os poetas místicos são filósofos doentes, E os filósofos são homens doidos. Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem E dizem que as pedras têm alma E que os rios têm êxtases ao luar. Mas flores, se sentissem, não eram flores, Eram gente; E se as pedras tivessem alma, eram cousas vivas, não eram pedras; E se os rios tivessem êxtases ao luar, Os rios seriam (...)