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pólo sul

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23.08.21

[134] Caronte à Espera

polosul
Já não sei onde nem quando nem quem leu uns parágrafos do livro de contos de Cláudia Andrade, Quartos de Final e Outras Histórias, e que me levaram a ler esse conto e os demais que se encontram nesse livro. Chegada a vez de ler o seu primeiro romance, Caronte à Espera, não resisto à tentação de dizer que alguns dos temas dos contos são repescados e abordados no romance. O melhor cartão de apresentação do livro e da autora foi por ela apresentado num vídeo publicado no You (...)
17.08.21

[133] A máquina do tempo, H.G. Wells

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A Máquina do Tempo foi a primeira obra publicada por H.G. Wells, em 1895. Li a versão traduzida para português (Ricardo Saló), sob a chancela do Círculo de Leitores, edição de junho de 1990, cuja capa dura é um hino ao mau gosto, só explicável por uma crise de inspiração do ilustrador ou de quem lhe ordenou fazer aquela capa. Aproveitaram uma cena da adaptação cinematográfica (1960) do realizador George Pal, tendo como protagonistas Rod Taylor e Yvette Mimieux, um duo que (...)
17.08.21

[132] Cair para dentro

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A sinopse da WOOK ao último romance de Valério Romão não lhe faz justiça, por ser simplista e quase  desincentivar à leitura, quando até o título - Cair para dentro - motivaria qualquer leitor apático a ler as primeiras páginas.  Como já li dois livros anteriores do mesmo autor - Autismo e O da Joana- sabia ao que ia e li este terceiro com mais expetativa do que curiosidade. Diria que não há uma página em que V. Romão não exija do leitor que olhe para si e medite sobre a (...)
10.08.21

[131] Relato de um náufrago

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Este livro, ou melhor, esta coletânea de artigos publicados no diário El Espectador de Bogotá, em 1955, da autoria do então jornalista Gabriel García Márquez, lê-se sofregamente. Foi difícil parar de ler a narrativa na primeira pessoa e simultaneamente perguntar-me o que faria se estivesse no lugar de Luis Alejandro Velasco, o náufrago, que chegou a dar-se por derrotado: "Em todos os momentos tentei defender-me. Sempre encontrei um recurso para sobreviver, um ponto de apoio, por (...)
10.08.21

[130] Porto-Sudão, de Olivier Rolin

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A morte de um amigo, de nome A., leva o protagonista a regressar a Paris. E a partir daqui, desenrola-se uma peregrinação pela memória, onde se sabe que "o sofrimento não era um jantar de gala, nem poesia elegíaca, que era sangue, suor e merda" (p. 47). Não obstante, diz o sobrevivo, "Tentei cumprir o que senti como um dever para com A.: dar ao seu amor morto, mas não enterrado, uma sepultura de palavras." (p. 85) O amigo suicidou-se, após evidenciar vários sinais de degração, (...)
10.08.21

[129] A invenção de Adolfo Bioy Casares

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A invenção de Morel, de Bioy Casares, conta com um prefácio de valor incalculável, quer pelo autor - Jorge Luís Borges - quer pelo seu teor, especialmente do último parágrafo:  "Discuti com o autor os pormenores do enredo, reli-o; não me parece uma imprecisão ou hipérbole classificá-lo de perfeito." Teria aquela frase de Borges algo que ver com o entusiamo de Morel,  quando admite o impensável, como seja a "influência do futuro sobre o passado" (p. 56)? O que dizer de um (...)
09.08.21

[128] A estrela de Clarice Lispector

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Macabéa, a protagonista do livro, merecia mais de Olímpico, o homem por quem se apaixonou. Aqui não há uma história de amor, há, sobretudo, uma história de desencontro. Parece gasto e repisado, eu sei. Mas é o que é. Se já tentou ler outros livros de Clarice Lispector e não conseguiu, esta última obra, publicada pouco antes de morrer, é um bom ponto de partida. Há quem desista de ler este livro porque fica confuso com a perspetiva do narrador e as suas intromissões, (...)
28.07.21

[127] Pedro Páramo, de Juan Rulfo

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À terceira foi de vez. Era, sempre me pareceu, uma obra de difícil leitura. Agora nem tanto, nem tão pouco. Ia quase a dizer que cresci a ouvir dizer que este é que era o livro que deveria ler antes de avançar para os romances e novelas do realismo mágico sul-americano, mas não me parece. Se tivesse sido o primeiro, certamente ficaria desmotivado para ler o que veio a seguir. Juan Preciado, após a morte da mãe, vai a Comala procurar o pai, Pedro Páramo. Da mãe diz que, no dia (...)
24.07.21

[126] Eça, sempre Eça

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Na nota prévia à obra póstuma de Eça de Queiroz, "Alves & C.ª e Outras Ficções" (Livros do Brasil, s/ data), João Palma-Ferreira resume, singela e rigorosamente, do que trata a novela: "história «sem caprichos» de um negociante de comissões com o Ultramar" (p. 13) ou uma "caricatura (talvez superficial) de uma sólida família de uma burguesia lisboeta" (p. 15), que melhor seria se fosse intitulada Godofredo, Machado & Ludovina. Godofredo é casado com Ludovina (Lulu) e (...)
24.07.21

[125] Pensamentos secretos

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Sobre o secretismo dos pensamentos, ou melhor, sobre a verdade do que pensamos, David Lodge adianta o seguinte: "Nunca sabemos ao certo o que outra pessoa está realmente a pensar. Mesmo que decida contar-nos, nunca podemos saber se está a dizer-nos a verdade, ou a verdade toda." (p. 52) Portanto, já avisados, ficamos a saber que se pode desvendar o que um cônjuge pensa, real e inteiramente, do outro, analisando a linguagem que adotam. Por exemplo: "Ela trata-o por «Messenger» (...), (...)