[30] Para sempre
“Amo-te. És a mulher da minha vida”, dizia e repetia ele. “Amo-te. És a mulher da minha vida”.
Um dia ela cansou-se e ripostou: “Isso não chega.”
E ele repetiu, insistiu, teimou, chorou, lamentou e pediu mais uma oportunidade. Só mais uma.
E ela concedeu, esperou e desesperou.
Ela: “Vamos acabar com isto.”
E ele: “Amo-te. És a mulher da minha vida.”
E ela, cabisbaixa: “Quero acabar com isto.”
E ele, protestando: “Mas eu amo-te! Só tu me fazes feliz!”
E ela, pensou, pensou, encravada entre um marido desleixado e dois filhos ainda pequenos, e foi ficando, ficando, até se esquecer da razão porque casou e viveu durante uma vida inteira com aquele homem.