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pólo sul

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Sab | 06.11.10

[84] vegetal e só

polosul

É outono, desprende-te de mim.

 
Solta-me os cabelos, potros indomáveis

sem nenhuma melancolia,

sem encontros marcados,

sem cartas a responder.

 
Deixa-me o braço direito,

o mais ardente dos meus braços,

o mais azul,

o mais feito para voar.

 
Devolve-me o rosto de um verão

Sem a febre de tantos lábios,

Sem nenhum rumor de lágrimas

Nas pálpebras acesas

 
Deixa-me só, vegetal e só,

correndo como rio de folhas

para a noite onde a mais bela aventura

se escreve exactamente sem nenhuma letra.

 
Eugénio de Andrade