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pólo sul

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Seg | 24.02.14

[109] o que é que eu fiz

polosul

  

Depois de ler tantos livros de Murakami, finalmente já tenho onde encaixá-lo. Não que seja importante, pois que nada disto é importante, mas ter onde arrumá-lo, juntamente com outros, alivia-me esta permanente inquietação, em quase tudo igual à canção do JP Simões.

 

Na p. 257, na linha de F. Pessoa, ele escreve:

 

"Vendo bem, parecia-me que nem sequer tinha uma vida decente. Alguns acidentes de percurso. Alguns altos e baixos. Só isso. Pouco mais fiz, não produzi nada de meu. Amei e fui amado, é certo. Mas disso hoje não resta nada. A paisagem que tinha pela frente era estranhamente linear. Tinha a sensação de me movimentar no interior de um jogo de vídeo."

 

Seg | 17.02.14

[108] o pai

polosul

 

Roth escreveu sobre o pai, a quem foi diagnosticado um tumor, aos 86 anos.

É um périplo familiar a dois tempos - o do pai, inconformado e a recusar entrar naquela noite escura, e a do filho, a procurar mapear o papel do pai no património familiar, mesmo que seja casmurro:

 

"Nunca foi capaz de compreender que uma capacidade de renúncia e férrea autodisciplina como a sua era uma coisa extraordinária e não um dom partilhado por todos. Achava que, se um homem com todas as suas dificuldades e limitações a possuía,então todos a possuíam. Bastava ter força de vontade - como se a força de vontade crescesse nas árvores." (p. 71)

Ter | 11.02.14

[107] memórias & enganos

polosul

Mais um livro de Roth e a pensar que é mais do mesmo - onanismos, adultérios e mais do mesmo sexo.

 

Acordei na p. 67:

 

- Lembras-te de mim, não lembras?

- Sim, lentamente começo a lembrar-me.

- Tudo bem. Não tenhas pressa.

 

 

E depois este naco, a propósito de algumas obras de Kafka (pp. 118-119):

Lembro-me daqueles alunos excelentes que [...] explicavam exatamente como a Metamorfose e O Processo derivavam da sua relação com o pai. «Não», dizias tu, com ar de enfado, «é exatamente ao contrário. A ideia que ele tinha sobre o seu relacionamento com o pai é que deriva da Metamorfose e de O Processo.» [...] «Quando um romancista digno desse nome tem trinta e seis anos, já não traduz a sua experiência numa fábula: impõe a sua fábula à experiência.»