Souberam por amigos, por SMS ou através do apelo lançado no Facebook. Mais de uma centena de pessoas reuniu-se na noite de quinta-feira, a partir das 22h00, na praça Duque de Saldanha, no centro de Lisboa, para acenar aos carros, tal como o Senhor do Adeus fazia “desde sempre”.
(...)
Mais atrás, estava o escritor Rui Zink. “Este é o melhor velório a que vim nos últimos anos. E eu já estou a ficar habituado a velórios. Provavelmente é o melhor a que alguma vez irei”.
Uma vez passei por ele e timidamente acenei-lhe. Senti-me num despropósito: "Porque raio faço adeus a um desconhecido!?"
Ele respondeu com um sorriso de compreensão pelo meu constrangimento. Fiquei aliviado e estupidamente orgulhoso.
We walk together, we're walking down the street And I just can't get enough, I just can't get enough Every time I think of you I know we have to meet And I just can't get enough, I just can't get enough
Enquanto estava incauto a ver os barcos a passar, ela afirmou: tenho conversa contigo até ao fim da vida.
Senti um calafrio, um arrepio, um espinho, um engulho - benditos sinónimos!
Onde antes havia euforia e deleite, apareceu uma serra, escura e enigmática.
Conversa até ao fim da vida... E quanto tempo durará? E a responsabilidade que é, que seria?
Que fazer, quando acordarmos um dia e nada, nada, mas mesmo nada, tivermos a sentir ou a dizer um ao outro que não seja mais do que repisar frases batidas?
Vou conseguir manter aquele interesse quando ela descobrir que afinal as minhas tiradas originais são plagiadas ou adaptadas? que os aforismos não são meus? que as frases lapidares copiei-as? que as ideias, as boas e interessantes ideias, afinal foram retiradas dos livros mais populares de auto-ajuda? que as frases, enamoradas e exuberantes, foram sacadas dos clássicos da literatura de cordel? que os sms matinais e amorosos imitam twitters dedicados ao nicho do engate e da sedução?
Ela perdoará a falta de originalidade e imaginação?
Não.
Mas perdoa se for sincero e aquilo reproduzir o que sinto por ela.
Parece-me que é disto que o livro também trata, além, evidentemente, de ser uma espécie de rapsódia sobre Bhutto e Zia Ul Haq.
«To unlock a society, look at its untranslatable words. Takallouf is a member of that opaque , world-wide sect of concepts which refuse to travel across linguistic frontiers: it refers to a form of tongue-tying formality, a social restraint so extreme as to make it impossible for the victim to express what he or she really means, a species of compulsory irony which insists, for the sake of good form, on being taken literally. When takallouf gets between a husband and a wife, look out.» (p. 104)