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pólo sul

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Sex | 08.05.09

[78] Uma morada nova

polosul

Distraído, li um artigo, pequenino, algures numa estrada ameaçada pelo mato, num desses países do sul. Era sobre Mia Couto.

Depois, inesperadamente, ao norte, numa conversa de circunstância e aperitivo antes do jantar, falaram-me das infinitas possibilidades das crianças de reinventarem o português, tal como o faz Mia Couto.

Lentamente, puxei a memória atrás e repesquei aquele texto sobre o que representou a vitória de Obama para os sobas africanos. Era do Mia Couto.

 

Nunca houvera lido algo mais dele que artigos e entrevistas, algumas destas também escutadas e vistas na rádio e televisão.

 

Peguei, céptico, em "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", e começa assim: «A morte é como o umbigo: o quanto nela existe é a sua cicatriz, a lembrança de uma anterior existência.»

Pareceu-me interessante e continuei.

«O importante não é a casa onde moramos. Mas onde, em nós, a casa mora.» (p. 53).

E com isto apaguei a luz e fiquei longo tempo sem dormir.

Qua | 06.05.09

[77] Onde fica a minha casa?

polosul

«Laurey acredita que há alguma coisa de especial em Asheville. Já ouviu tantas histórias fantásticas sobre aquilo que levou tantas pessoas ali, que já nenhuma a surpreende.»

[...]

«- Asheville é o seu lar? - pergunto.»

[...]

«- Estou aqui há vinte anos, pelo que julgo seja o meu lar. Tudo aquilo que é importante para mim encontra-se aqui.

A resposta dela faz-me recordar uma coisa que um realizador islandês me disse: há apenas uma simples pergunta cuja resposta identifica o nosso verdadeiro lar: E a pergunta é: "Onde quer morrer?"

- Onde quer morrer, Laurey?

- Em Vermont, onde cresci - responde.

É lá, e não em Asheville, que ela quer que as suas cinzas sejam espalhadas.»

 

In "Geografia da felicidade", de Eric Weiner, p. 366-367.