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pólo sul

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Ter | 21.11.06

[42] Virar

polosul

 

Em finais de 1980, num bairro de esquinas pintadas a sépia, de ruas esburacadas e tempos lentos, pólo sul escreveu:

 

Tu vias.

Com um olhar reparavas que falava em esperança com um sorriso que não enganava.

 

Tu compreendias.

Sou um passeio matinal numa rua direita, em visita a um hospital.

 

Tu sabias.

A vida sempre igual num bairro desigual a consumir-me de um mal.

 

Tu falaste comigo.

Amigo, disseste tu, vem comigo, convidavas, vamos passear, insistias.

 

E eu acreditei.

Deitei tudo fora e mudei.

 

Hoje, em Novembro de 2006, inicia-se uma viragem. Não muda, vai virar noutra direcção, sempre a sul.

 

Ter | 21.11.06

[41] À tardinha, com Florbela Espanca

polosul

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca