[42] Virar
Em finais de 1980, num bairro de esquinas pintadas a sépia, de ruas esburacadas e tempos lentos, pólo sul escreveu:
Tu vias.
Com um olhar reparavas que falava em esperança com um sorriso que não enganava.
Tu compreendias.
Sou um passeio matinal numa rua direita, em visita a um hospital.
Tu sabias.
A vida sempre igual num bairro desigual a consumir-me de um mal.
Tu falaste comigo.
Amigo, disseste tu, vem comigo, convidavas, vamos passear, insistias.
E eu acreditei.
Deitei tudo fora e mudei.
Hoje, em Novembro de 2006, inicia-se uma viragem. Não muda, vai virar noutra direcção, sempre a sul.