[11] E agora?
Sonhava escrever cartas afectuosas que não fossem rídiculas, evitando as mesmas águas do poeta. Por isso, tomei atalhos e escrevi as palavras que fossem para todos, desde sempre e em todos os lugares, claras e evidentes. As coisas eram o que eram. Ponto final. Depois Borges estragou-me tudo ("a palavra é o arquétipo das coisas") e descobri que um homem que anda a reboque das coisas a que chamamos realidade jamais poderá ser escritor, menos ainda poeta. Mergulhei na tristeza de ser vulgar, depois perdi a fé e esqueci-me de Deus - não por ele, mas por ficar chocado com esta minha realidade - e deixei-me ficar só e adolescente na minha pequenez.