[144] Milagre, R. J. Palacio
O título do livro em português parece-me ser um tanto ou quanto oco ou frívolo, por ser tão banal e aquém do que é narrado. Seja como for, é um livro de que se pode gostar, não tanto pelas suas escassas virtudes estético-literárias, mas pela história e as emoções que desperta. A narrativa - capítulos pequenos, repletos de histórias e pomos (é mesmo pomos e não pontos) de interesse - ajuda a uma leitura fácil, por vezes a explicar porque é que dois-mais-dois-são-quatro, mas pronto, vale pela exposição do que é nascer feio, imperfeito e ser alvo de curiosidade, natural, nuns casos, doentia e intrometida, noutros.
"Uma das razões porque deixei crescer o cabelo, no ano passado, foi por gostar que a franja me cubra os olhos, pois ajuda-me a tapar as coisas que não quero ver." (p. 30)
"O fotógrafo parecia ter acabado de chupar um limão quando me viu." (p. 84)
"Não, aquela parecia uma pela ser uma peça adulta, e eu senti-me inteligente ali sentado a vê-la." (p. 263)