[140] E os filhos?
Gerald L. Posner é um jornalista de investigação que já escreveu vários livros sobre assuntos díspares e que se desdobrou em múltiplas atividades. Não se pode dizer que este livro, "Os Filhos de Hitler" (1991), seja brilhante, mas cativa o leitor interessado nas repercussões que os atos cruéis dos pais possam ter na vidas dos respetivos filhos.
O título é enganador, pois não são filhos de Hitler, mas de alguns dos seus sequazes, com a eventual ressalva de Claus von Stauffenberg, um dos autores da tentativa de assassinato à bomba de Hitler, em 20 de julho de 1944, que, embora fosse um nazi encartado, rejeitava as tendências e obsessões antissemitas e, sobretudo, belicistas do regime.
Na sequência de consulta de bibliografia, que vai desde a memória de alguns nazis, passando por trabalhos académicos, e tendo por ponto de partida os Julgamentos de Nuremberga, o autor entrevistou os respetivos filhos (os que se dispuseram a isso), publicando o resultado desse trabalho. Entre eles contam-se, por exemplo, Hans Frank (Governador da Polónia Ocupada), Rudolf Hess (delfim de Hitler) ou Hermann Göring (Ministro da Aviação). Há filhos orgulhosos dos pais, outros que os repudiam e há quem não compreenda o que os levou a colaborar ou a serem parte ativa nas sevícias cometidas pelo nacional-socialismo.
Norman Frank: "No meu pai, vi que uma grande inteligência pode sempre aproximar-se do excesso, caso se misture com a ambição. Ser-se muito educado não protege de crimes horríveis" (p. 62). Enquanto o seu irmão, Niklas Frank, que estudou o pai, entrevistou os colegas dele e leu tudo o que lhe foi possível sobre ele, conclui: "Ainda não o percebo." (p. 61)