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pólo sul

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Ter | 17.08.21

[132] Cair para dentro

polosul

A sinopse da WOOK ao último romance de Valério Romão não lhe faz justiça, por ser simplista e quase  desincentivar à leitura, quando até o título - Cair para dentro - motivaria qualquer leitor apático a ler as primeiras páginas. 

Como já li dois livros anteriores do mesmo autor - Autismo e O da Joana - sabia ao que ia e li este terceiro com mais expetativa do que curiosidade. Diria que não há uma página em que V. Romão não exija do leitor que olhe para si e medite sobre a estrutura do seu pensar e do que é o conhecimento sobre a natureza e a essência das relações humanas.
 

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Dirão que quase todos os livros são assim, especialmente o de V. Romão. E é verdade.

A história é simples, o que lhe acrescenta valor e arte é o estilo da narrativa, o desenvolvimento da trama sobre duas mulheres, Virgínia e Eugénia, mãe e filha, e os limites e dilemas morais de uma relação de poder, primeiro da filha pela mãe, a ponto desta dizer da filha que "vive nessa fantasia de construir uma carreira entre estantes, lendo o que toda a gente já leu há mais de dois mil anos, chovendo sobre o molhado, não produzindo uma única linha que faça avançar este país, o mundo já tem pensamento a mais, Eugénia, o mundo precisa de pessoas capazes de decidir e agir, de pessoas politicamente engajadas” (p. 104).

Mais tarde, essa relação de domínio inverte-se.

E na hora da morte da mãe, “somos todos Caio, meus senhores, e somos o Ivan Ilitch descobrindo-se Caio, e estamos a morrer, e por hoje é tudo.” (p. 135)