[130] Porto-Sudão, de Olivier Rolin
A morte de um amigo, de nome A., leva o protagonista a regressar a Paris. E a partir daqui, desenrola-se uma peregrinação pela memória, onde se sabe que "o sofrimento não era um jantar de gala, nem poesia elegíaca, que era sangue, suor e merda" (p. 47). Não obstante, diz o sobrevivo, "Tentei cumprir o que senti como um dever para com A.: dar ao seu amor morto, mas não enterrado, uma sepultura de palavras." (p. 85)
O amigo suicidou-se, após evidenciar vários sinais de degração, entre os quais, "um modo de deixar os olhos errar no vazio, ou então, ao contrário, de olhar tão fixamente como alguém que não sai senão por momentos de um sonho esgotante e duvida da realidade que encontra; e ainda um modo de estar ligeiramente curvado, como que dobrado por uma pancada, fechado sobre uma dor que nunca o abandonou" (p. 47).
Este livro não é para fracos: "se é uma fraqueza não crer em si, é outra, e mais ridícula ainda, de si nunca duvidar." (p. 52).
Se tiver pressa e quiser saber qual o âmago da história, avance até ao capítulo 10 (pp 67-74). Se o ler de fio a pavio, quer tenha gostado quer não, repita a leitura deste capítulo, é uma oportunidade de o reavaliar ou de gostar ainda mais.