[122] este livro não merece o leitor que eu sou
Há livros assim. Começamos a ler, uma torrente de ideias, emoções e sonhos percorrem-nos, o destino perfila-se com milhentas possibilidades e acordamos a perguntar se teremos meia-hora ou 15 minutos para ler mais um pedacinho, ser invadido pela diferente, mas nosso igual.
"Ter um nome que não somos nós é como ter um pássaro fechado numa gaiola. Um pássaro proibido de voar. A negação de um pássaro." (p. 28) Só isto dava para escrever outro livro.
E mais à frente isto, a propósito de nomes: "De repente, um lugar qualquer do mundo chamam-me e eu vou. Às vezes é um som: Ngorongoro, Ispahan, Oulam Bator, Samarcanda, Ougadougou, Panachajel, Tegucigalpa, Timbuktu, Rangoon, Adis Abeba, Machu Pichu..." (p. 54)
Mas eu não fui um bom leitor, por isso digo que não quero apenas aquilo, uns pingos de prosa aqui, uns pingos de poesia ali; uns pós disto e daquilo, por ali e acoli; preciso de mais, é indispensável espremer a história ou as palavas na história. Dá trabalho. A mim deu, mas não me esforcei, e por ali fiquei, sem sentir que ia para algures ou que não me encaminhava para nenhures. Nem sequer precisa de ser uma boa história, mas preciso da história, é a ossatura do puzzle, é a estrutura mínima de que preciso para dizer "eis o livro!". Não vi. Falta-me o talento. Melhores dias virão e quem sabe , amadurecido, paciente, ponderado e perspicaz descubro a história onde ela existe mas sou incapaz de a reconhecer. Ou melhor, sentir.